Os cidadãos devem ter voz/participar na gestão dos assuntos públicos. O leitor Manuel Henrique partilhou com o MDP uma missiva por si enviada ao (seu) poder local, sobre o desperdício da iluminação pública, e que constitui um bom exemplo de cidadania:
"Ex.mos Senhores:
Presidente da Câmara Municipal
Presidente da Junta de Freguesia
Sou um munícipe desta freguesia e câmara municipal e tenho constatado que a iluminação pública da zona onde resido (provavelmente de outras zonas também do município) se encontra diariamente ligada desnecessariamente,quer durante a manhã, quer durante o final da tarde.
Durante a manhã, e concretamente hoje, 18 de Junho, foi desligada às 06h55, quando o sol havia nascido às 06h11.Ora, todos sabemos que, mesmo antes de o sol nascer, pelomenos durante 30 minutos, já há claridade suficiente para se tornar desnecessária a iluminação artificial.
Ao final da tarde, embora a discrepância entre a luminosidade e a hora de ligar a iluminação seja menor, ainda assim a ligação aconteceu às 20h53, quando o sol se pôs às 21h04. E sabemos que depois de o sol se pôr e até haver escuridão que torne necessária a iluminação decorrem cerca de30 minutos.
Dado que isto é um puro desperdício, especialmente num país em crise, que, por isso, está a exigir violentos sacrifícios a muitos dos seus cidadãos, à maioria dos mais pobres e mais fracos, dado que isto tem custos que não devem ser pequenos, chamo a atenção do senhor para este facto.
Com o desenvolvimento tecnológico de hoje, em que, por preços relativamente baixos é possível regular o acender e o apagar da iluminação através de uma célula fotoeléctrica, é incompreensível que tal situação se arraste no tempo perante a total indiferença dos vários poderes públicos locais, Junta de Freguesia e Câmara Municipal.
São também públicas as dificuldades orçamentais dos municípios portugueses, concretamente desta Câmara Municipal, o que ainda torna mais incompreensível a manutenção desta situação e a passividade e indiferença dos poderes públicos locais.
Uma das exigências das medidas de austeridade que a estamos sujeitos será o aumento do IMI em 0.1, o que representa mais 25% em relação aos valores que actualmente são pagos.
Ora nós já pagamos o IMI pela taxa máxima possível,calculada a partir do índice 0.4.
Que sentido tem exigirem-nos um cada vez maior esforço fiscal e, por outro lado, haver um esbanjamento de recursos como o que apontei?
Aguardo a vossa resposta.
Com consideração."
:) por acaso já fiz o mesmo, mas tive sorte, ao final de um mês mais ou menos, acertaram as luzes (e também a água que regava a estrada em vez da relva)
ResponderEliminarTem toda a razão. Pena não se ficar a saber de que autarquias é que se está a falar.
ResponderEliminarO Ondas3 vai fazendo o que pode. Já em maio de 2006 denunciava esta situação, em Espinho,
http://ondas3.blogs.sapo.pt/379653.html
Recentemente também referi o assunto em crónica publicada no semanário local Maré Viva de 4 de outubro de 2011
https://docs.google.com/open?id=0B3i4ipVrFOHnbDZOeHNtaGVTX0s3VzQ5X2hqX25rQQ
Parabéns pela energia e coragem com que se tem empenhado na denúncia de tanta falta de consciência cívica. Faço votos para que prossiga com a mesma energia.
OLima:
ResponderEliminarOmiti propositadamente o nome da autarquia aqui no blogue Má Despesa Pública para que não se pensasse que tomava esta atitude por razões político-partidárias, quando sei que este deboche do esbanjamento dos dinheiros públicos acontece um pouco por todo o lado nos 308 municípios.
No meu município há um castelo bem altaneiro que durante muitos anos era iluminado à noite, o que não só era muito bonito como tinha a função de embelezar o local e de o dar a conhecer a quem passasse nas imediações (até bem longe, pois era visível até 50 km). Isso tinha uma função: atrair visitantes e valorizar o património.
Deixou de haver iluminação no castelo por razões de poupança (a crise obriga). Que sentido tem, então, apagarem-se as luzes do castelo e esbanjar-se diariamente energia na iluminação pública durante pelo menos 2 horas?
E tudo nas barbas dos responsáveis autárquicos, que devem ter olhos a cara como eu.
No dia seguinte recebi resposta do presidente da Junta de Freguesia a dizer que não é nada com ele, que enviou o meu e-mail para a Câmara (para onde eu já o tinha enviado também, dando conhecimento às 2 autarquias do envio simultâneo).
A responsabilidade pesa, tratam logo de pôr o rabinho de fora mal o possam fazer.
Da câmara responderam-me assim «Vimos por este meio acusar a receção da exposição que nos dirigiu, a qual mereceu a nossa melhor atenção, e informar que a mesma encontra-se em acompanhamento pelo serviço responsável por aquela área de intervenção.
Face ao exposto, esperamos, dentro em breve, retomar o contacto com V. Exa. de forma a remetermos resposta concreta à questão apresentada.»
Fico a aguardar e darei notícias ao Má Despesa.
No e-mail da câmara teria tendência a fazer duas alterações: «informar que a mesma encontra-se em acompanhamento pelo serviço responsável por aquela área de intervenção».
1.ª – «informar que a mesma se encontra…» em vez de «encontra-se» (não sabem pôr os clíticos);
2.ª – «pelo serviço responsável por aquela área de intervenção» ou «pelo serviço IRRESPONSÁVEL por aquela área de intervenção»?
Há muito tempo que aqui onde moro informo a EDP 800 506 506 quando há candeeiros sempre acesos ou fundidos.
ResponderEliminarMaria Clotilde - Algés
Maria Clotilde:
ResponderEliminarFaz muito bem em telefonar para a EDP, mas, no fundo, é um trabalho inglório, pois, como as horas do nascer e do pôr-do-sol se alteram diariamente, e a luminosidade também (para além de esta estar também condicionada pelas condições meteorológicas), há todos os dias desperdício, por mais telefonemas que faça para a EDP.
No pós ida do Homem à Lua (há 43 anos) impressiona como ainda andamos nisto, a acertar manualmente o acendimento e o apagamento da iluminação pública.
E impressiona ver os responsáveis autárquicos, impávidos e serenos, a aplicarem-nos as mais altas taxas possíveis de impostos e a esbanjarem assim o nosso dinheiro.
Em 1972, ainda imberbe e no início da carreira, fui responsável por um serviço que tinha uma antena de comunicações altíssima e perto da rota dos aviões.
Era necessário, por isso, ter uma lâmpada vermelha sempre acesa logo que escurecesse. Ora isso era feito com uma célula fotoeléctrica. Logo que escurecia, independentemente da hora do nascer ou do pôr-do-sol, a lâmpada acendia-se automaticamente. A mim competia apenas verificar se a célula não avariava.
Hoje este tipo de sistemas de controlo está muito mais sofisticado, é mais comum e mais barato.
Portanto, pior ainda para o desleixo dos nossos responsáveis.
Na freguesia da Serra do Bouro do concelho de Caldas da Rainha (pelo menos nesta freguesia...), a iluminação pública acende-se pelas 21h quando - nesta altura - ainda há claridade às 21h30 e mantém-se acesa até perto das 6h30 quando por volta das 5h50 já nasceu o dia e se vê tudo muito bem.
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