segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O caso do Natal de Lisboa


Vários leitores têm feito chegar ao Má Despesa mensagens de indignação com o montante que a Câmara de Lisboa vai pagar pelas iluminações de Natal. O gasto da Câmara é três vezes superior ao de 2011. Um luxo que, como relata o jornal I,parece não ter paralelo noutras autarquias. Depois, há a falta de transparência em todo este processo. Como explica o jornal Público, “o investimento da Câmara de Lisboa nos festejos natalícios não se fica pelos 250 mil euros atribuídos à União de Associações de Comércio e Serviços (UACS) para iluminar as ruas da capital, (…) a autarquia contratou bens e serviços, sem concurso público e através de uma empresa municipal, no valor de 229.637 euros para a execução da árvore de Natal que é inaugurada sábado no Terreiro do Paço – o que faz disparar os gastos totais com a quadra festiva para cerca de 479 mil euros. Os contornos da despesa, porém, não são claros”.

Aqui segue uma das mensagens que chegou ao Má Despesa sobre este assunto:

“Sou católico por formação e convicção e respeito muito a quadra natalícia, com todas as suas vertentes, ainda que consciente do aproveitamento comercial da mesma que é feito por todos os agentes económicos. Já não posso admitir, enquanto contribuinte, que os decisores políticos atuem com o mesmo espírito natalício benevolente como se andássemos a nadar em dinheiro e o Estado não nos andasse a esfolar os bolsos.
Assim, foi com repugnância que li hoje na edição digital do Público que o Município de Lisboa está a despender cerca de 250.000 euros, um quarto de milhão de euros, na Árvore de Natal a instalar no Terreiro do Paço. Se não me falha a memória,.no passado ano essa árvore não foi erguida por razões naturais de conjuntura económica, facto que todos tivemos de entender, ainda que com tristeza. E então este ano, Lisboa já saiu da crise? É inacreditável a falta de vergonha dos nossos políticos, em particular, neste caso, dos nossos autarcas.
Foram nove contratos, todos convenientemente por ajuste direto. Só para o projeto de conceção foram 74.000 euros ... como estamos cheios de dinheiro, trata-se de uma árvore inovadora, interativa, mais uma pérola da capacidade de realização Portuguesa! Para a montagem tubular da árvore foram 47.372 euros. Lembro-me de um orçamento que uma empresa privada me deu para a montagem de uma estrutura tubular para que eu pudesse reerguer um cabanal numa casa de quinta antiga, numa área de cerca de 150 metros quadrados e que ficou em 6.000 euros ... Mas como o cliente é "público", os ferros saem a peso de ouro neste caso... Para o aluguer do equipamento de video, luz e som, vão mais 59.500 euros ... e os valores continuam, mas não vale a pena dizer mais.”

Partilhe com o Má Despesa Pública exemplos concretos de despesismo da sua autarquia através do e-mail madespesapublica@gmail.com

6 comentários:

  1. adoramos costas e encostas presentes e futuras

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  2. Será que este senhor só viu os euros gastos na iluminação de Natal na cidade de Lisboa?
    Este senhor não leu as notícias da Madeira? que não pagam aos fornecedores milhões de euros para gastarem nas festas de natal e ano novo.
    Caso do Porto, Gaia e restantes cidades excepto Bragança.

    Deixem de ser puritanos

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  3. Sr Autarca, considerando que : aumentou recentemente,o nº de desempregados, e considerando desnecessária a despesa com iluminação natalicia em Lisboa, sugiro que com esse dinheiro distribua um cabaz de Natal aos casais desempregados com filhos. cidadã, teresa silva

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  4. para além de ser uma despesa caprichosa em tempos de crise, lembro que o natal pouco tem a ver com as luzes e os brilhos exibicionistas. o único brilho que interessa é o interior e duvido muito que algum dia se faça luz nas cabecinhas dos doutores. dizem que é para estimular o comércio e por causa dos turistas... pois sim.
    rachel

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  5. Caro Anónimo, a Madeira ainda poderá, com algum esforço certamente, considerar-se um caso especial. Não podemos esquecer os milhares de turistas que a Ilha atrai nesta quadra, sendo o folclore natalício essencial. Já o mesmo não podemos dizer do Porto. A Madeira é uma referência turística internacional, parecendo que o investimento se justifica ... Mas com toda a certeza que deveria ser bastante racionalizado, o que é algo que a esmagadora maioria dos nossos autarcas desconhecem (bem como todos os demais responsáveis pela gestão de dinheiros públicos). Cumprimentos. João Pereira.

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  6. Nos últimos meses entre as descidas nos impostos municipais, obras no Marquês, apoios à «cultura», enfeites de Natal, volta a Portugal em bicicleta, fogo de artifício de fim do ano, mais festa e outros eteceteras, o António Costa leva uns milhões espatifados em estroinice, com tanto sem abrigo a deambular por Lisboa.
    Pelo meio ainda faz leis para afastar os pelintras da cidade: a proibição de circulação de automóveis mais velhos, a pretexto de serem poluentes, como se os donos desses carros não preferissem andar antes de Mercedes novinhos em folha. Sei que isso não o afecta, porque ele anda num «carro do povo» (anda ele e mais umas larguíssimas centenas de funcionários...).
    Esta longa conversa é apenas para chegar aqui: prefiro que o António Costa seja presidente da Câmara de Lisboa do que Primeiro Ministro - pela amostra o espatifanço iria exigir contratos com mais meia dúzia de Troikas... Realmente a bandeira de pernas para o ar fica-lhe bem!

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