A capa do jornal I desta sexta-feira tem como manchete o lançamento do livro "Má Despesa Pública nas Autarquias", já à venda.
«Livro analisa a má despesa das câmaras antes das primeiras autárquicas com limitação de mandatos
Milhares
de euros em medalhas, em estátuas e monumentos, um deles aos próprios
autarcas. Milhares de euros em almoços, concertos, telemóveis, estudos e
projectos. Muitos deles ficaram no papel, outros começaram para serem
abandonados e alguns revelam-se megalómanos para a dimensão das
localidades em que estão inseridos. Os autores do projecto Má Despesa
Pública lançaram esta semana o livro que mostra como a má despesa
pública é feita nas autarquias. Não pretendem ter todos os casos, mas
lançam um alerta aos eleitores em pleno ano de eleições locais - um
alerta que Paulo Morais, da Transparência e Integridade, Associação
Cívica (TIAC), diz mostrar que "a frase 'andámos a viver acima das
nossas possibilidades' só se refere a 15% da dívida privada", porque a
maioria da dívida é do Estado e muita dela feita nas autarquias. Nem
sempre com grandes projectos, muitas vezes com pequenas despesas que se
vão acumulando, como as das refeições.
O ex-ministro Miguel Relvas
é um exemplo referido no livro: durante dez anos, por ser presidente da
Assembleia Municipal de Tomar, teve a conta de telemóvel paga pela
autarquia sem limites, incluindo entre Março de 2002 e Julho de 2004,
quando era secretário de Estado da Administração Local. Segundo a
revista "Visão", nos últimos seis anos do período em causa, os custos do
telemóvel de Miguel Relvas foram de 26 463 euros. O livro de Bárbara
Rosa e Rui Oliveira Marques faz uma comparação com o caso do presidente
da Assembleia Municipal do Porto, que tem um plafond máximo de 135 euros
e prescindiu de o usar.
O livro "Má Despesa Pública nas
Autarquias" fala ainda de casos que custaram milhões: em 2012, a câmara
de Braga gastou oito milhões de euros no início da construção de uma
piscina olímpica, para depois desistir do projecto que, se fosse
concluído, custaria um total de 25 milhões. A autarquia justificou-se
dizendo que a manutenção energética seria insustentável. E, para dar
solução ao esqueleto construído, contratou-se uma empresa que sugeriu a
construção de um parque temático. Falta apenas encontrar um investidor
privado que o queira concretizar. Ainda em Braga, há o caso do estádio
de futebol, construído para o Euro 2004, que custou 121 milhões de
euros; a câmara contribuiu com 111 milhões e ainda gasta 400 mil euros
anuais em manutenção, ficando o patrocínio do estádio para o clube que o
usa.
Além das obras, o livro refere-se, por exemplo, aos gastos
em festas e almoços. Um concerto de Tony Carreira em Albufeira, em 2009,
custou 75 mil euros, mas em 2012 o cantor actuou por 42 mil euros em
Olhão e Cinfães. Em 2011, a câmara do Crato gastou 60 mil euros num
concerto dos Gotan Project e 35 mil num de Gabriel o Pensador. Em 2008,
Vila Nova da Barquinha começou a preparar um projecto de 170 milhões de
euros para construir um parque de diversões para 10 mil pessoas. Nunca
saiu do papel. Ourém lançou um projecto de um festival de cinema em
Janeiro de 2012. Nunca avançou, mas foram gastos 40 mil euros. Ainda em
Ourém, foi criada uma parceria público--privada para a construção de um
campo de golfe. Foi assinado um contrato de financiamento de mais de 3
milhões de euros, mas o projecto está suspenso.
Ponte de Sor
gastou oito milhões de euros num aeródromo municipal que pode receber
aviões como o Airbus A320, com capacidade para 180 passageiros, mas não
foi encontrado qualquer estudo para uma infra-estrutura desta dimensão.
Portimão quis uma Cidade do Cinema. O investimento anunciado era de 3
mil milhões de euros. O projecto tem apenas uma sala de congressos e
gastou 270 mil euros em consultoria e brochuras. Em Junho houve buscas
na câmara de Portimão: o vice--presidente, Luís Carito, engoliu um papel
quando foi detido.
Em Valongo foram gastos, de forma ilegal, 31
185,69 euros em férias não gozadas dos eleitos locais. O presidente da
câmara de Valongo, Fernando Pereira, teve ainda despesas não autorizadas
de 11 979,09 em refeições. O vereador José Luís Sousa Pinto teve
refeições de 4079,44 euros.
Paulo Morais escreveu o prefácio de um
livro que define como "um acto de resistência", porque analisa gastos
de "um poder instituído no espaço público com quem ninguém se mete.
Tiveram a capacidade de interpretar tudo aquilo que se diz apenas em voz
baixa". E, diz, são dados importantes, porque "estas são as primeiras
eleições desde que as pessoas sentiram mesmo os efeitos da crise. E as
autárquicas de 2013 são as mais importantes de sempre, porque pelo menos
150 presidentes vão mudar. Falta saber se, com a mudança de caras,
mudam também as práticas".
Paulo Morais e os autores lembram que
em muitos concelhos, principalmente nos mais pequenos, as câmaras
municipais são os maiores empregadores. "Há meios em que o melhor é ter
uma ligação partidária e assiste-se às transferências entre o partido e a
câmara, com custos sobre os nossos impostos, porque se contratam boys
pelos votos que conseguiram e independentemente da competência", diz
Paulo Morais. O responsável da TIAC destaca ainda a importância dos
pelouros de Urbanismo: "No início da crise, 70% da dívida estava
alicerçada em dívida imobiliária das câmaras. Há duas actividades de
alta rentabilidade: o tráfico de droga e o urbanismo, tendo os
promotores imobiliários uma absolvição a partir do momento em que
conseguem um alvará de loteamento", referiu ainda, para considerar que
este livro "é um instrumento que obriga os candidatos a aumentar a
transparência na vida pública portuguesa".» (Fonte: I)
Incentivo todos a oferecerem um livro deste ao seu melhor amigo para desta forma o ajudar a ver a necessidade que temos de votos conscientes nas proximas eleiçoes.
ResponderEliminarO que dizer das despesas do ensino superior politécnico público tais como, a celebração do aniversário de uma Escola, integrada no Instituto Politécnico de Santarém, com um cruzeiro na barragem do Castelo do Bode, com almoço a bordo e transferes em autocarro ao cais de embarque, para docentes, funcionários e convidados, noticiada pelo jornal “O Mirante”, na sua edição de 18.12.2008, pág. 33, em artigo intitulado “Aniversário da Escola de Gestão celebrado em tom de discórdia”, e pelo Diário de Notícias, na sua edição de 19.12.2008, pág.13, em artigo intitulado “Um passeio à conta dos contribuintes”.
ResponderEliminarDespesas estas, que não suscitaram um reparo por banda dos órgãos do Estado.
Para os que, como eu, atribuem valor ao simbólico, a subsequente nomeação da Sr.ª Presidente do Instituto Politécnico, pelo Sr. Presidente da República, para a Comissão de Honra das Comemorações do 10 de Junho de 2009, na Cidade de Santarém, teve um significado político. Ademais, conforme noticiado, a Sr.ª Presidente do Instituto Politécnico também desfrutou deste cruzeiro idílico…
Conviria ao Ministério da Educação recuperar as afirmações do representante dos alunos do Instituto Politécnico de Santarém, na cerimónia de abertura do ano lectivo realizada em Outubro de 2010. Por essas (afirmações), somos levados a um universo impensável de férias não gozadas que se traduzem em rendimento; ou explicado de outro modo, nos lautos rendimentos que auferiram Professores aquando da sua reforma pelos dias de férias não gozados acumulados ao longo dos anos em que exerceram funções dirigentes.
ResponderEliminarAssumindo que houve, em Portugal, Marajás (e não apenas na Índia, em tempos recuados) melhor fora que, em nome da equidade na aplicação dos dinheiros públicos mas também da satisfação das reais necessidades (imensas) do país, circunstâncias como estas não voltassem a acontecer.
Mais, que o mesmo Ministério que supôs impor aos professores a devolução do dinheiro recebido em resultado de um erro na progressão na carreira, que não lhes era imputável, por maioria de razão, usasse de igual exigência com os Marajás e determinasse o reembolso de verbas por eles despendidas em extravagâncias, tais como, com um cruzeiro com almoço a bordo e transfer ao cais, ou com férias não gozadas que se traduzem em rendimento…
http://videos.sapo.ao/dYgrN75qdYhQMMgy07Jg
É bom estar informado (mas sem consequências só faz mal ao fígado),parece-me que ladramos mas a caravana passa
ResponderEliminarPonto 4 do concurso para Câmara de Barcelos ( 21 postos de chefia)
4 — Tratando -se de um processo de seleção urgente e de interesse
público que visa escolher um titular que melhor corresponde ao perfil
pretendido, não haverá lugar ao exercício do direito de participação
dos interessados.
dr - http://dre.pt/pdfgratis2s/2013/09/2S179A0000S00.pdf
URGENTE!!!!!!!