segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Navio Atlântida, o tal caso de polícia


O Má Despesa não abandona este caso por considerar que há muito por contar e alguns por responsabilizar. O episódio do navio Atlântida vem relatado no livro “Má Despesa Pública” (2012) e é bastante conhecido. O caso remonta a 2009, ano em que a Atlânticoline, S.A., empresa pública de transporte marítimo dos Açores, rejeitou o ferry Atlântida (encomendado a par do ferry Anticiclone) aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC). O Atlântida chegou a ser entregue à empresa açoriana, mas foi por esta rejeitado por não cumprir a velocidade máxima contratada, estando em causa uma diferença inferior a 1,5 nós. Por isto, a Atlânticoline rescindiu o contrato com os ENVC (tendo pago mais de 350 mil euros em honorários a advogados). Da rescisão resultou o dever do pagamento de cerca de 40 milhões de euros por parte dos Estaleiros à Atlânticoline, e um navio de luxo pronto e outro em construção. Em 2011, o navio rejeitado pelos Açores- e que deveria ter rendido 50 milhões de euros aos EVC-, encontrava- se abandonado no Alfeite e sem compradores à vista. Em Março deste ano, a administração dos ENVC revelou à agência Lusa que "só em manutenção, o navio representa um custo anual para a empresa pública de 500 mil euros e em seguros cerca de 400 mil euros." Segundo as contas dos ENVC, o navio representa uma despesa total de 2,2 milhões de euros anuais e o negócio já contribuiu com 37 milhões de euros para o défice dos Estaleiros (fonte: ionline). Uma desgraça para a contabilidade dos falidos ENVC. Em Julho, o Atlântida foi finalmente adjudicado à Mystic Cruises, do grupo Douro Azul (por 8,7 milhões de euros), depois de terminado o segundo prazo atribuído à Thesarco Shipping, o armador grego que venceu o concurso para a venda do navio, para pagar os quase 13 milhões de euros que tinha proposto, sem que o tenha feito (fonte: negócios online).
O novo dono do Atlântida veio agora dizer, em entrevista ao Página 2 da RTP 2, que este "é um caso difícil de se compreender em muitas vertentes", nomeadamente quanto aos alegados custos de manutenção do Atlântida, pois o navio não teve qualquer tipo de manutenção preventiva, encontrando-se num estado lastimoso."Não gastaram nem 1 euro, quanto mais 500 mil." O presidente do grupo Douro Azul disse também que os ENVC recusaram-lhe uma encomenda para a construção de 4 navios, no valor de 50 milhões de euros. O Má Despesa acredita que as autoridades competentes estão a investigar e espera que este caso não tenha o clássico destino do arquivamento.

3 comentários:

  1. Em assuntos maritimos seguem-se as normas dos submarinos.Irrevogavelmente com a ajuda do espirito santo, já que o pai e o filho se baldaram para o Citius incerto.

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  2. Li o texto 3 vezes para ver se entendi bem.
    Declararam despesas de manutenção sem as efetuar, por outras palavras, roubaram-me.

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  3. Isto tudo no unico país da dita "UE" sem ligação ferry com as suas ilha (Açores e Madeira). Constroi-se ferrys de luxo para depois desmantelar e vender ao desbarato. Investir no mar?! Só se for em África pq lá existe este tipo de ligação!

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