terça-feira, 7 de junho de 2011

Elefantes Brancos (2): A Casa do Cinema que nunca foi usada


I
“O arquitecto fez uma obra bonita, mas esqueceu-se da sala de projecções” foi um comentário do realizador Manoel de Oliveira, na primeira visita efectuada à Casa do Cinema. Foi construída na Foz, entre 1998 e 2003, segundo projecto do arquitecto Souto Moura, no âmbito da Capital Europeia da Cultura - Porto 2001, e terminada com 2 anos de atraso. Com um custo inicial de 750 mil euros, é propriedade do município desde então. Após 8 anos permanece por inaugurar.

II
A história da Casa do Cinema vem do interesse do município em reunir o espólio do centenário cineasta num centro de documentação. Fitas, prémios e demais património cultural, propriedade de Manoel de Oliveira, seriam assim conservados num edifício público criado para tal.
O projecto, premiado e documentado, não respondeu porém ao programa. Dificuldades de diálogo ou problemas financeiros, as desculpas sucederam-se desde então perante os erros acumulados.
O acervo cedido pelo cineasta foi colocado, provisoriamente, num apartamento alugado pela CMP, para a sua catalogação. Desde 2005 a renda deixou de ser paga pelo município e passou a ser o realizador a custear a sua conservação.

III
Quanto ao edifico, permanece fechado e sem uso desde então. Construído numa zona residencial da Foz, situa-se escondido e isolado no centro do lote. Sem sinalética ou informação quanto à sua localização, é hoje apenas lugar de romaria arquitectónica, com claros sinais de degradação e vandalismo no exterior.
Para evitar mais degradação a Câmara Municipal do Porto propôs, em 2007, acolher na casa alguns serviços municipais, após algumas obras de remodelação. Os sinais de abandono permanecem inalterados.
O realizador homenageado recusou, em 2011, receber a “Chave da Cidade” no seu 100º aniversário. Argumentou a recusa pelos anos de “comportamento incorrecto” do município para com o seu espólio e para com a Casa do Cinema que nunca o acolheu.

Manuel Rodrigues

Fontes:
DN – Diário de Noticias 02.02.2007, JN – Jornal de Notícias 03.08.2007 e
TVI 31.03.2011

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11 comentários:

  1. ... para além do mais, a notícia tem como protagonistas dois endeusados parasitas portuenses (que, como habitante do Porto, só me envergonham): Soto Moura e Manoel de Oliveira.

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  2. Chamar parasitas a estes cidadãos assinando com uma espécie de pseudónimo é, no mínimo, um acto de cobardia e tremenda boçalidade. São personagens como este (esta?) Portuendes que merecem o país que temos e as casas do cinema que por aí se vão erguendo são verdadeiros monumentos à qualidade da sua cidadania.

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  3. Safari de elefantes brancos15 de julho de 2012 às 01:13

    Vou acrescentar esta à lista de elefantes brancos para organizar um safari

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  4. Só 750 mil euros. Até foi barato(tem 2 janelas!!!!). Mas para que caralho foi aquilo construído????????????
    Esses gajos era só a tiro. E nós, povo, é que somos os culpados desta merda. Somos ( e a mim me inclúo) uma cambada de mansos que assistimos a isto tudo vezes sem conta e nada fazemos a não ser criticar em conversas informais e blogs. Esta merda anda-me cá a revoltar os fígados que um dia perco o bom senso...............

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  5. isto a continuar asimm vai dar refostedo o nosso 25 de abril nao fez sangue se tivessem erolado umas cabesas hoje pensava-se melhor como gastar o dinheiro de todos

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    Respostas
    1. as cabeças que assim trabalham são as dos que ficaram satisfeitas no dia 25, nem mais

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  6. João Paulo Fernandes Lopes5 de fevereiro de 2014 às 22:42

    Este artigo começa com uma citação:
    " “O arquitecto fez uma obra bonita, mas esqueceu-se da sala de projecções” foi um comentário do realizador Manoel de Oliveira. "
    Ora, se o realizador acompanhou e aprovou o projeto do Arquiteto, seria normal que soubesse que a obra não previa, nem nunca previu, uma sala para projeções (de filmes em bobina); se tanto, a Casa do Cinema está preparada para projeções em vídeo.
    Se o realizador na altura não estaria na posse e uso pleno das suas faculdades mentais, não sei. Ele afirma que é "um fenómeno da natureza". E será, até por esta afirmação contarditória! Mas sei que o projeto nunca previu uma sala de projeções. Então porque havia de tê-la?
    Este blogue, suponho, presta um bom serviço de informação, sobre a temática de despesas públicas consideradas abusivas.
    Porém, estamos no meio da Internet e não se pode dar por certo tudo o que se lê. Quem escreve deve ser responsável e responsabilizado por aquilo que afirma, mormente quando mente, ainda que inadvertidamente.
    Pois se algum abuso houve por parte da CMP na despesa com a Casa do Cinema, foi pelo facto de ter avançado com um contrato com o cineasta para custear a construção od edifício, ao qual foi acrescentada uma residência privada para o realizador.
    O que o autor da notícia desconhece (ou omite, o que é grave!) é que, a cada reunião da CMP com o realizador e o seu advogado, Dr. Miguel Veiga, eram propostas alterações ao contrato pelo Sr. Manoel de Oliveira, quer quanto à Casa quer quanto à residência.
    Saberá o autor porque é que o advogado do realizador, o Dr. Miguel Veiga, deixou de o representar neste caso? Só ele poderá dizer! Já lhe foi perguntado. Creio que não! Se perguntarem, ele responderá sobre o assunto? Também não creio!
    Saberá o autor que o realizador exigia, no contrato, que a residência ficasse na posse dos seus descendentes, ad infinitum, contariando a lei? Sabe a diferença entre o investimento feito pela CMP para homenagear um ilustre realizador do Porto com prestígio mundial, e a miséria de valor patrimonial que ele queria "doar" à CMP? Conhecerá o acervo do realizador para doação à CMP e o "acervo particular" de que ele não largou mão, esse sim com enorme valor patrimonial e afetivo, para a História do realizador e para a História do Cinema?
    Então, Sr. Manuel Rodrigues, se quer prestar um bom serviço, a respeito desta matéria, informe-se para informar melhor, com rigor, pelo menos, se não com isenção!
    Se não consegue responder a algumas questões retóricas que coloco, então não está na posse de todos os factos e isto não é uma notícia. São "arrotos de posta de pescada" que o cardume venera!
    João Paulo Fernandes Lopes, trabalhador da CMP.

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  7. Se a CMP se pôs a gastar dinheiro e avançou com a obra sem que o sr. Manoel de Oliveira cedesse uma parte igualmente interessante do seu espólio, ainda mais grave é o abuso dos dinheiros públicos. É o habitual fazer negócio com o dinheiro dos outros, sem que as contrapartidas valham a pena.

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