Personalidade do Ano: Cavaco Silva
A Presidência da República garantiu
que ia passar a publicar os contratos e os ajustes directos, à
semelhança de qualquer outra entidade pública. Mais um ano passou
sem que Cavaco Silva desse esse passo em nome da transparência.
Também foi um ano em que Belém conseguiu aumentar a despesa em
gestão administrativa.
Autarquia do Ano: Portimão
Portimão parece a nova Madeira. A
Portimão Urbis, empresa municipal, gastou 2,46 milhões a modernizar
o estádio de futebol do Portimonense. Todos os contratos,
adjudicados entre Agosto de 2010 e Outubro de 2011, foram celebrados
sem qualquer concurso público. Depois, há o caso de polícia de uma
loucura chamada Cidade do Cinema, detalhadamente descrita no livro“Má Despesa Pública nas Autarquias”. Isto na câmara com maior
endividamento per capita do país.
Os cidadãos deixaram de ter acesso aos relatórios inspectivos da
defunta Inspecção-geral da Administração Local (IGAL), fundida na
Inspecção-Geral de Finanças (IFG). O Má Despesa (na pessoa dos
seus autores) requereu o acesso à consulta dos referidos relatórios,
por e-mail dirigido ao responsável máximo da IGF, o inspector-geral
José Maria Leite Martins. Não chegou qualquer resposta. Os autores
foram à própria IGF tentar aceder aos relatórios. Não passaram da
secretaria mas deixaram outro requerimento. Tinha carácter
“urgente”. Até aos dias de hoje, nada...
Prenda do Ano: Medalhas para os
trabalhadores do saneamento de Loures
Os Serviços Municipalizados de Água e
Saneamento da Câmara de Loures gastaram em Julho 18 mil euros
(11.861 euros e 7.243 euros) em medalhas e emblemas para a “festa
do trabalhador”. Esta festa homenageou os trabalhadores municipais
com 15, 20, 25, 30 e 35 anos de serviço e os que se aposentaram
desde Julho de 2011. Além de medalhas, houve ainda almoço e música.
Era ano de eleições autárquicas...
Frase do Ano: “Duvido que outro país tenha mais
transparência e escrutínio do que em Portugal”, Aníbal Cavaco Silva
Boy do Ano: Gonçalo Castel-Branco
A Presidência do Conselho de Ministros
fez um contrato de 60 mil euros, válido por dois anos, em nome
de Gonçalo Castel-Branco Unipessoal. Segundo o contrato, o
profissional em causa apenas precisa de trabalhar 480 horas por ano,
ou seja, 40 horas por mês. Cada hora de trabalho para tratar da
“estratégia digital” do governo rende 62,50 euros.
Mistério do ano: A publicitária de 19
anos
A Câmara de Gaia pagou 16.800 euros
por um trabalho de 90 dias que consiste em criar uma campanha
institucional. Mais de 5500 euros por mês, portanto. A adjudicatária
conseguiu este contrato apesar de ter apenas 19 anos.
O governo anunciou em 2011 que em Junho
deste ano a Parque Expo, que tem dívidas de 250 milhões de euros,
estaria extinta. O tempo passou e nada aconteceu. Entretanto, a
Parque Expo até arranjou maneira de gastar mais de 100 mil euros em
seguros de vida, porque nunca se sabe quanto mais tempo estará no
reino dos vivos.
Portugal no Seu Melhor: O futebol para
mulheres
A história é antiga mas só este ano
veio à luz do dia. A Associação Portuguesa Mulheres e Desporto
organizou entre Abril de 2010 e Julho de 2012 várias iniciativas
para incentivar as mulheres a jogar futebol e futsal. Custou uns
módicos 500 mil euros.
A Câmara Muncipal de Famalicão abriu
um concurso no valor de 130 mil euros, para levar habitantes de 49
freguesias do concelho a Fátima - ida e volta no mesmo dia. Isto
antes das autárquicas, como se adivinha.
Jantar do Ano: O Natal da NAV
O jantar de Natal da empresa pública
NAV Portugal de 2012 custou a módica quantia de 22.074 euros. A
festa decorreu num hotel de cinco estrelas em Lisboa. Ninguém se
preocupou com o assunto.
Obra do Ano: Aeródromo Municipal de
Ponte de Sor
Depois de oito milhões, a autarquia de
Ponte de Sor abriu concurso para mais quatro milhões na segunda fase do Aeródromo Municipal, que até um campus universitário vai ter.
Bom exemplo do ano: Aldeia de Cabeça (Seia)
A aldeia de Cabeça, em Seia, tornou-se em 2011 na primeira do
país a ter iluminação pública LED, que permite uma poupança de
energia na ordem dos 70%. Já este ano a aldeia recebeu cinco mil
euros do Orçamento Participativo de Seia para dar corpo ao “Natal mais ecológico do País”, criando cenários inspirados no
imaginário do Natal, na natureza, biodiversidade e respeito pelo
ambiente. O resultado é tão surpreendente que todos os municípios
o deviam analisar com atenção antes de desbaratarem dinheiro em
iluminações e decorações de Natal sem qualquer encanto.
Agradeço o vosso labor. Talvez um dia este tipo de acções ( e despezas) venha a ser discutido em tribunal e talvez penalizado.
ResponderEliminarno que respeita ao inspector-geral José Maria Leite Martins, sugiro 2 alternativas: utilizar a CADA para o dito sr disponibilizar os relatórios e/ou utilizar a figura da responsabilidade extra-contractual dos funcionários e agentes do estado para responsabilizar civil e criminalmente o dito sr.
ResponderEliminarhttp://pmcruz.com/work/an-ecosystem-of-corporate-politicians
ResponderEliminarencontrei este grafico que poderá interessar aos leitores do MDP