É uma ideia tão simples
que devia existir em todos os países. No Brasil, o jornal O Estado
de S. Paulo e a Universidade de São Paulo criaram há três anos
a Corrupteca, uma biblioteca digital especializada em corrupção
lançada originalmente em 2012. Actualmente conta com mais de oito
milhões de itens para pesquisa (publicações científicas, jornais,
leis, casos, material didáctico e análise e opinião). É um dos
arquivos mais completos do mundo sobre esta matéria e permite até o
acesso aos acervos das universidades de Harvard, Yale, MIT e da
Biblioteca Nacional da França. Exemplar para que os casos e os
protagonistas não caiam no esquecimento.
A imprensa brasileira ela mesma é tida como uma das mais corruptas do mundo. Funciona acobertando alguns e expondo outros. Fabrica o que chamamos de "factóide", um quase fato. De diversas formas falseia a verdade. Até na sutil escolha de palavras para se referir a um ou a outra figura política.
ResponderEliminarMas o peixe que mais tem saída na banquinha dela chama-se "CORRUPÇÃO".
Mesmo importante, é assunto que deveria pertencer à página policial, a imprensa brasileira transforma em permanente tópico de primeira página. Corrupção é uma perda que varia conforme a época de 3% a 5% do rendimento do sistema produtivo. Revolucionar o sistema produtivo, melhorar-lo em 20, 50% com melhorias em logística e desburocratização ou até 100% ou mais com modificações tecnológicas é o que deveria ocupar as manchetes principais, é aí que está a arena de trabalho das pessoas direitas que merecem manchete.
A imprensa brasileira tem a notável propriedade de dar manchete favorável ou neutra para os políticos do PSDB quando era governo e negativa ao PT quando esse era oposição em 1998 (levantamento feito pelo site Manchetômetro - um observatório da imprensa) e ser massivamente anti PT e continuar favorável ao PSDB em 2010 e 2014 quando esse era oposição.
Um arquivo do Estadão sobre corrupção nada conterá além de factóides fabricados para destruir o PT, atividade desenvolvida quer ele esteja ou não no governo, e lacunas gritantes sobre os governos PSDBistas (federal até 2002 e paulista desde sempre). Tudo matérias sem continuidade, omitindo o "erramos", omitindo as respostas, e geralmente matérias apuradas através de vazamentos de relatórios do MP, do Tribunais de Contas, matérias vazadas antes dos julgamentos por auditores partidarizados, convencidos de que seus relatórios são a visão correta sobre os assuntos.
Assim é que tivemos por exemplo, estradas paralisadas por suspeitas de irregularidades. Muito bem. E que irregularidade foi essa (no caso da BR-116) ? A razão entre o custo da desapropriação e terraplanagem projetada não era a usual. Essa é a "irregularidade", mas fato óbvio para quem percorre a BR116 no trecho plano e povoado entre Porto Alegre e Pelotas, que o custo da desapropriação será maior do que a terraplanagem. Mas trata-se de estrada 3000 km distante de Brasília, os auditores do TCU olham o valor e sustam a obra. Esse tipo de fato, um desencontro entre tecnocratas, que produziu tanto prejuízo quanto que o que pretendeu evitar, decerto estará listado no tal arquivo.